Entre Extrativismo e Ciência: A História da Exploração da Cera de Carnaúba no Nordeste do Brasil na Primeira Metade do Século XX
DOI:
https://doi.org/10.32991/2237-2717.2022v12i2.p107-139Palavras-chave:
extrativismo, cera de carnaúba, ciência e tecnologia, agricultura, nordeste do BrasilResumo
Este trabalho visa compreender a atuação de cientistas, técnicos, políticos e instituições no extrativismo da cera de carnaúba na primeira metade do século XX. A carnaúba (Copernicia cerifera Mart.) é um vegetal endêmico do semiárido do Brasil, presente em maior número nos estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. De grande utilidade nessas regiões, o produto de maior valor comercial que alçou o vegetal à condição de planta extrativa foi a cera, produzida a partir da extração de um pó branco incrustado em suas folhas. A busca pelas melhores formas de extração da matéria-prima e de produção de cera de carnaúba motivou especialistas desde o século XIX a discutirem e elaborarem propostas para obtenção de um produto cada vez mais valorizado dentro e fora do país. Com base na análise de documentos publicados pelo Ministério da Agricultura e outros órgãos oficiais brasileiros e norte-americanos, o argumento central será demonstrar o papel das ciências e da tecnologia na introdução de métodos inovadores e de um aparato científico, como a invenção de máquinas de extração, aplicadas a uma agricultura desde muito tempo baseada fortemente no cultivo e comércio locais.
Referências
Alexandra Sablina do Nascimento Veras. Usos do passado, memória e apropriações do patrimônio industrial de Parnaíba, Piauí (1940, 1970-1980, 2000-2019). Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Ceará (Dissertação-Mestrado em História Social), 2020.
Antonio Carlos Diegues. O Mito Moderno da Natureza Intocada. São Paulo: Editora HUCITEC, 1996.
Antonio Pedro Tota. O Imperialismo Sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra. Segunda Edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
Arjun Appadurai (org.). A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Trad. Agatha Bacelar. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2008.
Arthur Salgado. Cera de Carnaúba. In: Andrade, Humberto de; Salgado, Arthur. Cêra de Carnaúba. Fortaleza: Cia. Johnson S/A, 1940.
BRASIL. Decreto-Lei nº 334, de 15 de Março de 1938. In: Diário Oficial da União – Seção 1 – 24/3/1938, p. 5535. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-334-15-marco-1938-348722-publicacaooriginal-1-pe.html
BRASIL, Museu de Astronomia e Ciências Afins, Fundo CFE, T.2.038, D8p1, Rio de Janeiro, 12 de julho de 1935.
BRASIL. Ministério da Agricultura. Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, Exmº. Sr. Dr, Getúlio Vargas, Pelo Ministro de Estado dos Negócios da Agricultura. Trabalhos Realizados em 1938. Rio de Janeiro: Oficinas Gráficas do Serviço de Publicidade Agrícola, 1939.
BRASIL. Ministério da Agricultura. Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, Exmº. Sr. Dr, Getúlio Vargas, Pelo Ministro de Estado dos Negócios da Agricultura. As Atividades do Ministério da Agricultura em 1940. Rio de Janeiro: Oficinas Gráficas do Serviço de Informação Agrícola, vol.1, 1941.
Bror Eric Dahlgren e S.F. Glassman. A Revision of the Genus Copernicia. Gentes Herbarum. Occasional Papers on the Kinds of Plants. Vol.9, Fasc.1, August. 1961.
Cunha Bayma. História dos Extratores do Pó da Carnaúba. BRASIL. Ministério da Agricultura. Boletim do Ministério da Agricultura. Serviço de Informação Agrícola. Ano 33, Número 10, outubro de 1944.
Cunha Bayma. Carnaúba. Produtos Rurais, n.9. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Agrícola, 1958.
Franklin Chaves. O Problema da Cêra de Carnaúba. In: BRASIL. ESTADO DO CEARÁ. Relatório de 1939. Fortaleza: Imprensa Official, 1940.
Guilherme de Souza Pinto. A Carnaubeira: Árvore da Vida. Fortaleza: Typ. Moderna, 1928.
Herbert Fisk Johnson Jr.; Arthur Dailey. Carnauba Expedition: the Story of a Scientific Adventure by Airplane to Study the Carnauba Palm At Its Source In the Interior of Brazil. Racine: Western Printing and Lithographing Company, 1936.
Humberto Rodrigues de Andrade. Reflorestamento? In: ______. Pela Agricultura Nordestina. Fortaleza: Typ. Urania, 1927.
Humberto Rodrigues de Andrade. Conservação das Mattas (Circular dirigida aos Prefeitos Municipaes do Ceará, em 10 de setembro de 1925). In: ______. Pela Agricultura Nordestina. Fortaleza: Typ. Urania, 1927.
Humberto Rodrigues de Andrade. Riquezas Naturais. A Lavoura. Revista da Sociedade Nacional de Agricultura e da Confederação Rural Brasileira. Rio de Janeiro, Anno XLIII, Junho-Julho de 1939.
Humberto Rodrigues de Andrade. Carnaúba. Separata de “O Ceará”. Fortaleza: Editora Fortaleza, 1939.
Humberto Rodrigues de Andrade. Classificação Oficial. In: ______; Salgado, Arthur. Cêra de Carnaúba. Fortaleza: Cia. Johnson S/A, 1940.
Humberto Rodrigues de Andrade. Corte e Beneficiamento das Folhas de Carnaúba. In: Salgado, Arthur. Cêra de Carnaúba. Fortaleza: Cia. Johnson S/A, 1940.
Joaquim Bertino de Moraes Carvalho. Ensaios sobre a Carnaubeira. 2.ed. Natal: EMPARN, 1982.
John Soluri. Accounting for Taste: Export Bananas, Mass Markets, and Panama Disease. Environmental History, Vol. 7, No. 3 (Jul, 2002).
José Luiz de Andrade Franco; José Augusto Drummond. Proteção à natureza e identidade nacional no Brasil, anos 1920-1940. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2009.
Luís da Câmara Cascudo. A Carnaúba. Revista Brasileira de Geografia, N.2, Anno XXVI, Abril-Junho de 1964.
Luiz Werneck Vianna. A Revolução Passiva. Iberismo e Americanismo no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2004.
Paschoal de Moraes. A Carnahubeira. A Lavoura. Boletim da Sociedade Nacional de Agricultura. Rio de Janeiro, Anno XXIV, N.1, 1920.
Renato Braga. Plantas do Ceará. Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, Anno LXV, 1951.
UNITED STATES OF AMERICA. United States Patent Office. Method of Refining Carnauba Wax and Similar Vegetable Waxes. Fritz Zschoch and Herbert Rodrian. Application May 26, in Germany October 24, 1927, to the Firm A. Riebeck’sche Montanwerke Aktiengesellschaft, of Halle, Germany.
UNITED STATES OF AMERICA. United States Patent Office. Mechanical Separator. Walter M. Cook, Assignor to International Combustion Engineering Corporation, of New York, N.Y., a Corporation of Delaware. Application December 23, 1929.
UNITED STATES OF AMERICA. United States Patent Office. Sifter. Thomas G. Cecka, Buffalo, N.T., assignor to International Milling Company, Buffalo, N.Y. Application June 25, 1936.
UNITED STATES OF AMERICA. United States Patent Office. Wax Extraction. John Vernon Steinle and Elbert S. McLoud. Application July 17, 1939, in Racine (Wis.), to S.C. Johnson & Son.
Warren Dean. A luta pela borracha no Brasil. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Nobel, 1989.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Paulo Italo Moreira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.
A partir da publicação realizada na revista os autores possuem copyright e direitos de publicação de seus artigos sem restrições.
A Revista HALAC segue os preceitos legais da licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. 
