Por uma História Ambiental da Formação Social do Extremo Sul da Bahia (1945-1972)

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.32991/2237-2717.2021v11i2.p311-347

Palabras clave:

Extremo Sul da Bahia, Mata Atlântica, Formação Social, Desenvolvimento Econômico, Conflito

Resumen

Este breve ensaio argumenta em favor da investigação histórico ambiental de uma formação social. Considerando a totalidade socioambiental – meio natural, ação humana, interações ser social-natureza – compreende-se que o desenvolvimento socioeconômico e sociocultural não se processam sem provocar alterações ambientais diretas e indiretas, com diferentes graus de intensidade. Não há produção humana sem consequências para os meios ambientes natural e produzido, bem como para o próprio ser social; assim como a organização da vida social encontra obstáculos nas condições ambientais existentes. Contudo, não é suficiente integrar a natureza à sociedade. O meio ambiente natural precisa seja reconhecido como dimensão ativa da organização social e histórica. A exploração predatória e sistemática da Mata Atlântica no extremo sul baiano foi levada a efeito pela ação de madeireiros e fazendeiros, entre os anos 1940 e o início da década de 1970, período da formação econômico-social do atual extremo sul da Bahia. A caça da “madeira de lei” para comercialização, e o incessante movimento de expansão da fronteira agropecuária na porção mais ao sul do estado da Bahia, região em permanente contato com os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, levou à constituição mercantil da região. Em curto espaço de tempo fazendas, serrarias e madeireiras intensificam a degradação da Mata Atlântica. Entre o final dos anos 1960 e o início da década de 1970 a devastação florestal do extremo sul já havia atingido proporções dramáticas. Nesse sentido, o presente trabalho procura indicar algumas questões teóricas do estudo de uma formação social particular, o extremo sul da Bahia, por meio da história ambiental. São fontes para esta pesquisa: literatura teórica sobre história ambiental, textos sobre o extremo sul e fontes estatísticas oficiais sobre a região.

Biografía del autor/a

Marcio Soares Santos, Universidade do Estado da Bahia

Graduado em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Alagoas. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Estado e Sociedade, da Universidade Federal do Sul da Bahia. Professor do Colegiado de História da Universidade do Estado da Bahia.

Herbert Toledo Martins, Universidade Federal do Sul da Bahia

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor da Universidade Federal do Sul da Bahia.

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Publicado

2021-08-17

Cómo citar

Santos, M. S., & Martins, H. T. (2021). Por uma História Ambiental da Formação Social do Extremo Sul da Bahia (1945-1972). Historia Ambiental Latinoamericana Y Caribeña (HALAC) Revista De La Solcha, 11(2), 311–347. https://doi.org/10.32991/2237-2717.2021v11i2.p311-347

Número

Sección

Artículos