A Carne e o Mar: O Matadouro da Praia de Santa Luzia (1777-1853)

Autores/as

  • Lucas Erichsen UFRJ/MPIWG

DOI:

https://doi.org/10.32991/2237-2717.2020v10i2.p203-226

Palabras clave:

História Ambiental, Matadouros, Rio de Janeiro

Resumen

Junto das fábricas, fazendas, laboratórios e zoológicos, os matadouros de animais para o consumo humano de carne foram alguns dos ambientes predominantes nas mediações das relações entre humanos e animais no século XIX e que podem ser analisados com o aparato teórico e epistemológico da história ambiental e da animal-human history. Isto posto, buscaremos tratar no presente artigo da história do matadouro da praia de Santa Luzia, o primeiro matadouro público do Rio de Janeiro, e compreendendo o mesmo enquanto espaço de constantes interações entre mundo biofísico, espécies animais destinadas ao consumo humano e da cidade com seus habitantes. Em 1853, durante as epidemias dos anos 1850, o matadouro foi desativado e depois transformado em Albergue, de modo que as práticas de matanças seriam deslocadas para outro lugar, trocando-se a praia e o mar pelos manguezais da cidade.

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Publicado

2020-08-31

Cómo citar

Erichsen, L. (2020). A Carne e o Mar: O Matadouro da Praia de Santa Luzia (1777-1853). Historia Ambiental Latinoamericana Y Caribeña (HALAC) Revista De La Solcha, 10(2), 203–226. https://doi.org/10.32991/2237-2717.2020v10i2.p203-226

Número

Sección

Artículos