As “Florestas Sagradas” do Impasse: a Reserva Florestal do Território Federal do Acre (1911)

Autores/as

  • André Vasques Vital

DOI:

https://doi.org/10.32991/2237-2717.2018v8i1.p42-66

Palabras clave:

Reserva Florestal, Acre, Primeira República, Ministério da Agricultura, Industria e Comércio

Resumen

O artigo analisa o decreto N° 8.843 de 26 de julho de 1911 que criou a Reserva Florestal do Território Federal do Acre a partir de sua inserção na complexa trama política que envolvia os projetos de integração do Acre ao Brasil, no início do século XX. A leitura das principais fontes aqui utilizadas, como relatórios do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio e publicações em jornais do território do Acre e da Capital Federal, seguem orientação processual/relacional inspirada nas análises de contingências em Robin Wagner-Pacifici. Sugere-se, nesse artigo, que a instauração da reserva florestal no Acre foi uma contingência política que gerou um sério impasse envolvendo as elites seringalistas locais, o governo do então presidente Hermes da Fonseca e as oligarquias dos estados do Ceará, Amazonas e Pará representadas no Congresso Nacional. O esquecimento da implementação da reserva, assim, é entendido como fenômeno emergente próprio do impasse provocado pelo decreto.

Citas

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Publicado

2018-11-06

Cómo citar

Vital, A. V. (2018). As “Florestas Sagradas” do Impasse: a Reserva Florestal do Território Federal do Acre (1911). Historia Ambiental Latinoamericana Y Caribeña (HALAC) Revista De La Solcha, 8(1), 42–66. https://doi.org/10.32991/2237-2717.2018v8i1.p42-66

Número

Sección

Artículos